sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Análise dos documentos disponibilizados pelo Agrupamento de Escolas de Campo Maior



Ponto 3 da Ordem do Dia

Apesar deste ponto da Ordem do Dia incluir todos os documentos que foram enviados a esta Assembleia pelo diretor do Agrupamento das Escolas de Campo Maior (Projeto Educativo, Regulamento Interno, Regulamento dos Cursos Profissionais, Regulamento de Formação em Contexto de Trabalho, Regulamento Prova de Aptidão Profissional, Código de Conduta, Plano de Atividades, Resultados Escolares 2008/2012 e Resultados Escolares Estratégias), a nossa análise incide nos seguintes documentos: Plano de Atividades, Resultados Escolares 2008/2012 e Resultados Escolares Estratégias, em linha com o que foi pedido na proposta apresentada e aprovada por unanimidade na sessão da Assembleia do dia 21 de junho de 2012.
No que respeita ao Plano de Atividades, reconhece-se a importância das atividades previstas para desenvolver durante o ano letivo 2012/2013, no que respeita à formação dos alunos e à animação em contexto escolar. No entanto, muitas delas poderão não ter qualquer efeito em termos de aproveitamento curricular, pelo que não serão objeto de análise.
Deste modo, da leitura dos dois restantes documentos acima referidos podemos anotar:

1º CICLO
  1. Sucesso praticamente total na avaliação interna dos alunos do 4º ano, no último ano letivo;
  2. Retenções nos 2º e 3º anos, agravadas no último ano letivo, com taxas de 12% e 14%, respetivamente;
  3. Nas disciplinas, os alunos classificados com não satisfaz foram de 1% a Língua Portuguesa e de 0% a Matemática.
  4. Na prova de aferição de Matemática, 68% dos alunos foram classificados com a notação de não satisfaz e 32% com notação superior a não satisfaz;
  5. Na prova de aferição de Língua Portuguesa, 37% dos alunos foram classificados com a notação de não satisfaz e 63% com notação superior a não satisfaz;
  6. Estes valores são inferiores à média nacional: Matemática 53,9% de sucesso e Língua Portuguesa 66,7%;
  7. Na análise que os docentes deste nível de ensino fazem dos resultados, são apontadas algumas causas, a maioria externas ao processo de ensino e de aprendizagem realizado em sala de aula. Embora se reconheça a relativa fiabilidade das provas, há, no entanto, uma grande discrepância entre os resultados da avaliação interna e externa dos alunos. Acresce ainda a sabida desvalorização que tem sido atribuída a estas provas, pelo facto de não terem qualquer reflexo sobre os resultados finais do aproveitamento escolar dos alunos.
  8. Seria desejável que tivessem sido elaborados planos de ação mais concretos para a melhoria do aproveitamento dos alunos, sobretudo nas escolas onde os resultados foram menos satisfatórios.

2º CICLO
  1. No 5º ano, observam-se taxas de sucesso estáveis durante o período em análise (2008/2012);
  2. No 6º ano, registou-se uma ligeira queda no último ano letivo;
  3. Comparando com a média nacional, apenas em 2009/2010 a média da escola foi superior (96,9% contra 92,1%); a maior diferença, para menos, foi no último ano letivo (83,6% contra 88,2%);
  4. No entanto, o sucesso no 6º ano, em 2011/2012 foi de 73%, o valor mais baixo registado nos quatro anos em análise, ou seja, houve uma retenção de alunos na ordem dos 27%;
  5. Nos quadros relativos aos resultados das provas finais de ciclo, surge uma dúvida sobre os indicadores ali apresentados: para o Agrupamento apresenta-se a média, mas a nível nacional a percentagem de sucesso; pressupõe-se que será um lapso, na medida em que não seria possível comparar os dois indicadores; assim sendo, considerámos os valores como médias de classificação;
  6. Nas provas nacionais de final de ciclo a Língua Portuguesa, a média das classificações foi de 55,9, inferior à média nacional em que se registou uma média de 59; a média do Agrupamento, foi sempre inferior à média nacional, nos quatro anos analisados; a Matemática, nos três primeiros anos, os resultados aparecem alinhados com a média nacional, embora ligeiramente inferiores; em 2011/2012, a diferença acentua-se com uma média de 44 pontos no Agrupamento e de 54 a nível nacional;
  7. Não foi possível comparar os resultados dos exames nas duas disciplinas, com as classificações resultantes da avaliação interna porque não constam no documento do Agrupamento, sendo apenas apresentadas as taxas de sucesso.

3º CICLO
  1. No 3º ciclo a taxa de sucesso atingiu o valor mais baixo no último ano letivo, alargando a diferença em relação à média nacional (78,7% contra 83,7%);
  2. A percentagem de retenções mais elevada (2011/2012) foi de 30% no 9º ano, seguindo-se o 7º ano com 22%;
  3. Nas provas nacionais de final de ciclo podemos observar:
    1. Língua Portuguesa- resultados em linha com a média nacional, embora com média ligeiramente mais baixa (51,1 e 54, respetivamente);
    2. Matemática- depois de resultados muito baixos em 2010/2011, registou-se uma subida, com uma média de 51,4 contra 54 de média a nível Nacional;
  4. Também neste ciclo não foi possível comparar os resultados dos exames nas duas disciplinas, com as classificações resultantes da avaliação interna porque não constam no documento do Agrupamento, sendo apenas apresentadas as taxas de sucesso.

ENSINO SECUNDÁRIO
1.   A análise da evolução do sucesso deste nível de ensino ao longo de seis anos letivos, mostra que nos primeiros três anos esteve em linha com a média nacional, evoluindo depois negativamente até atingir a maior diferença em 2011/2012 (62,3 contra 78,6);
2.   A taxa de insucesso, no último ano letivo, foi de  47% no 10º ano, 19% no 11º e de 43% no 12º ano;
3.   Nos exames nacionais, apenas em Biologia/Geologia e História, a média foi superior à média nacional, sendo inferior em todas as outras;
4.   Também aqui, pela razão já aduzida, não foi possível comparar as classificações resultantes da avaliação interna com a avaliação externa dos alunos.

CONCLUSÃO:
  1. Os resultados registados no último ano são preocupantes, tanto mais que correspondem a uma progressiva tendência de diminuição do sucesso educativo;
  2. As percentagens de retenções nos vários ciclos de ensino, com exceção do 1º ciclo, são muito elevadas e não se encontra nos documentos analisados qualquer indicação que possa justificar estes valores;
  3. Releva-se o esforço dos vários departamentos curriculares para uma análise dos resultados e definição de estratégias que possam contribuir para uma melhoria significativa da aprendizagem dos alunos;
  4. A análise vertical não poderá, no entanto, ser suficiente, uma vez que é importante a coordenação interdisciplinar no sentido de prevenir e atuar sobre os casos de turmas mais problemáticas quer em termos de aproveitamento, quer de comportamento; ora, não existe nos documentos qualquer evidência desta articulação;
  5. Nos documentos apresentados, consideramos que seria importante que neles estivesse expressa a taxa de abandono escolar nos vários níveis de ensino.