sexta-feira, 20 de abril de 2012

Saudação


Antes da Ordem do Dia
Trinta e oito anos volvidos sobre o DIA DA Liberdade e da Democracia, confrontados com o negativismo do panorama em que nos enredaram e que desastradamente conduziu o País para a situação económica e social angustiante em que  nos encontramos e bem assim para a expectativa de um ainda maior agravamento desta mesma situação nos próximos anos, é tempo de ganharmos um novo ânimo e de assumirmos uma nova atitude, que decididamente nos habilite a superar os problemas que nos afetam, a melhorar a qualidade de vida e a contrariar e inverter a tendência abusivamente instalada de perda progressiva dos direitos conquistados pelo nosso povo.
É tempo de afirmação democrática! Face à fúria avassaladora dos atuais mandantes neste país, de restrição e mesmo de cessação de direitos fundamentais, de empobrecimento e de drástica redução dos fatores de bem-estar da grande maioria do nosso povo, de acentuado agravamento do desemprego e das condições cada vez mais precárias do emprego e de aviltamento do sentimento nacional, em suma, da perda de qualidade de vida e de dignidade e do brutal aumento das desigualdades sociais, importa ganhar consciência de que é chegado o momento de transformar a indignação em ação e de encetar um amplo movimento de ressurgimento nacional tendente à reposição, nos seus aspetos fundamentais, do quadro dos direitos, liberdades e garantias do Portugal de Abril.
Em 1867, Eça publicava, no “Distrito de Évora”, algumas palavras que refletem um “estado de alma” em tudo semelhante ao que agora experimentamos: «O sentimento que hoje domina os espíritos perante a política é sobretudo a desconfiança. Sente-se um vago receio. O governo está trémulo, a oposição inquieta (…) o povo descontente» [nº.13, 21/02/1867].
E face ao contexto então registado, escreveria um mês depois no mesmo jornal: «Desgraçadas aquelas populações onde as câmaras municipais, por espírito de fação, por contemplações de partidos, por vingança opressiva de velhas desinteligências, descuram o seu dever e deixam o povo ser esmagado pelo fisco, morto pelo sistema social, (...). Essas câmaras são coniventes na desgraça dos povos (…)» [“Distrito de Évora” nº.15, 28/03/1867].
Entendemos que é dever desta assembleia transmitir aos nossos concidadãos um sentimento de esperança e sobretudo a firme intenção de, em estreita conjugação de esforços e de identidade de interesses com o nosso povo, defender os seus direitos fundamentais, seja no domínio das condições para a saúde pública, da qualidade de vida, da segurança, dos postos de trabalho, da justiça social, de uma educação condigna e com saídas profissionais para os nossos jovens, tendo como referencial o quadro das conquistas de abril, constitucionalmente consagradas e comummente assumidas como indispensáveis ao pleno exercício da cidadania.
Urge retomar nas nossas mãos a determinação do nosso futuro e dar um sentido patriótico aos sacrifícios por que estamos a passar, um rumo de esperança para todos nós e para as gerações vindouras.
Temos de travar, em definitivo, a ofensiva reacionária de que temos vindo a ser alvo através das sucessivas vagas de pacotes de medidas restritivas que ultrapassam largamente e cada vez mais o razoável e o admissível, ou seja, aquilo que legitimamente nos é devido cumprir para efeito do reequilíbrio das nossas contas, contribuindo através da ação consequente e concertada para a recuperação do bem-estar e da alegria do nosso povo, bem como da nossa dignidade e orgulho nacional.
«Incuravelmente cego é quem julga possível reger-se por muito tempo um país - sob um governo representativo - no meio da indiferença hostil das populações».
Oliveira Martins, in “Reporter”, 11/02/1881
À indignação há que juntar a vontade inquebrantável de retomarmos o nosso destino coletivo, recuperando em definitivo o direito a construir autónoma e equitativamente o futuro deste País que é o nosso.
Viva o 25 de Abril! Viva o 1º de Maio! VIVA PORTUGAL!